SUBORDINAÇÃO E COORDENAÇÃO
A cooperativa, pela sua própria natureza, se propõe a operações em escala, posto que é na atuação sinérgica e autogestionária que reside a principal vantagem econômica do trabalhador associado, para que possa concorrer no mercado, em condições de igualdade com as sociedades mercantís prestadoras de serviços.
A sinergia pressupõe coordenação de esforços, o que impõe uma divisão técnico-operacional da execuçào do trabalho assumido autogestionariamente. Esta organização operacional interna permite preservar a autonomia diretiva, técnica e disciplinar do trabalho, em relação ao preposto do tomador dos serviços.
A subordinação jurídica entre associados é descaracterizada pelo princípio da singularidade de voto (Art. 4°, V) e pela regra da soberania da assembléia (Art. 38). Estas normas, cominadas com o retorno das sobras líquidas do exercício aos associados (Art. 4°, VII), da obrigatoriedade de subscrição de quotas-partes mínimas por parte dos associados (Art. 21, III) e do rateio entre os mesmos das despesas e de eventuais prejuízos do exercício (Arts. 80 e 89) consubstanciam o papel de dono da cooperativa de trabalho, aferido ao trabalhador nela associado. Pelo princípio da singularidade de voto, todo associado, independente do número de quotas-partes que tiver adquirido ou mesmo de sua movimentação econômica junto à cooperativa, tem poder deliberativo formalmente igual. Ainda, a soberania da assembléia confere aos associados, reunidos e com igual poder de voto, capacidade para deliberar, em última instância, todo e qualquer assunto de interesse da cooperativa, especialmente no que tange à sua gestão, e do regime de trabalho e benefícios estabelecidos. Portanto, ainda que para a execução dos serviços contratados junto a terceiros, o associado seja supervisionado por outro sócio, não se verifica a subordinação jurídica, pois este e o supervisor têm igual poder de decisão, quando reunidos em Assembléia, que pode inclusive revisar as normas de supervisão, ou até mesmo anular qualquer medida ou ordem dada.
Por último, o retorno das sobras líquidas do exercício não permite que a remuneração percebida pelo associado como retribuição do serviço prestado a terceiro contratado pela cooperativa, e por ela repassada, seja entendido como salário pago por esta ao primeiro. Salário é remuneração fixa e predeterminada, independente dos resultados obtidos pelo trabalho do empregado. A distribuição das sobras líquidas, fruto de eventuais saldos positivos do exercício determinam uma razão direta entre o sucesso do empreendimento e a prosperidade do associado, vinculação simplesmente inexistente na remuneração salarial que caracteriza a relação entre o empregado e o empregador.
Entre a Cooperativa, pessoa jurídica e o sócio, que em conjunto com os demais nela manda soberanamente, não há parte hipossuficiente na relação de trabalho estabelecida, tal como existe entre empregado e empregador. Na cooperativa o “ Ato Cooperativo” se distingue do trabalho subalterno pela ausência de salário; pela ausência de patrão/empregador; e a problemática que produz. "O trabalhador associado em cooperativa” trabalha para si, visto pela “ótica do capital”, pela linguagem de referência do capital, só para efeito ilustrativo: “patrão de si mesmo”.
TRABALHAR JUNTOS
Arquivo do blog
-
▼
2008
(283)
-
▼
março
(283)
- Comite Mundial CICOPA 2003
- APRESENTAÇÃO, ORIGEM E SIGNIFICADO DO DICIONÁRIO
- AAA ACIDENTE DE TRABALHO (significado e pesquisa)
- AÇÃO )sindical, reivindicativa, acordo)
- ACUMULAÇÃO DE CAPITAL
- ADMINISTRAÇÃO
- AD REFERENDUM
- "AFFECTIO SOCIETATIS"
- AGRICULTURA & AGRONEGÓCIOS
- AGROINDÚSTRIA
- ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL -ACI
- ALVARÁ
- ANARQUISMO -ANARCO-SINDICALISMO
- ANTECIPAÇÃO DE RESULTADOS (na cooperativa)
- APOSENTADORIA (capitalização)
- APRENDIZ
- APROPRIAÇÃO DO COOPERATIVISMO COMO TÉCNICA DE GESTÃO
- ARBITRAGEM
- ÁREA DE AÇÃO DA COOPERATIVA (sua base territorial)
- ARISTOCRACIA OPERÁRIA
- ATIVOS (FINANCERIROS...)
- AUDITORIA
- ASSOCIAÇÃO
- ASSOCIAÇÕES DE EMPRESÁRIOS
- ASSEMBLÉIA
- ASSISTÊNCIA SOCIAL
- ATIVISRTA
- ATIVIDADE MEIO E ATIVIDADE FIM
- ATO COOPERATIVO
- AUMENTO DO CAPITAL
- AUTARQUIA
- AUTOGESTÃO
- AUTÔNOMO (TRABALHADOR)
- BBB BALANÇA COMERCIAL & BALANÇO DE PAGAMENTOS
- BALANÇO SOCIAL NAS COOPERATIVAS
- BANCOS (OS DIVERSOS TIPOS)
- BENS (OS DIVERSOS TIPOS)
- BLOCOS ECONOMICOS & POLÍTICOS
- BALANÇO
- BENCHMARK - BENCHMARKING
- BENEFÍCIOS SALARIAIS E SOCIAIS
- BNDES (BANCO)
- BOICOTE
- BOLSA DE VALORES & MERCADORIAS
- BOLSA DE VALORES
- BRAINSTORMING
- BUROCRACIA
- CCC CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
- CARTEIRA DE TRABALHO
- CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
- CAPITAL
- CAPITAL SOCIAL
- CAPITALIZAÇÃO DE RESERVAS
- CENTRAL E ASSOCIAÇÃO DE COOPERATIVAS
- CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA
- CICOPA EUROPA (CECOP)
- CIPA (COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES)
- CLASSE SOCIAL
- CLASSIFICAÇÃO DE COOPERATIVAS
- COMO DEFENDER A COOPERATIVA DE TRABALHHO
- CONCERTAÇÃO SOCIAL
- CONCORRÊNCIA ENTRE COOPERATIVAS
- CONJUNTURA
- CONSTITUIÇÃO NACIONAL
- CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA COOPERATIVA
- CONSELHO FISCAL
- CONSÓRCIO
- CONSÓRCIO
- CONTABILIDADE COOPERATIVA
- CONTRATO DE TRABALHO
- CONTRATO POR PRAZO DETERMINBADO
- CONTRATO NA COOPERATIVA DE TRABALHO
- CONTRIBUIÇÃO COOPERATIVISTA E SINDICAIS
- CONTROLE DA PRODUÇÃO DO SÓCIO
- CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DO TRABALHO
- COORDENADORA DE CENTRAIS SINDICAIS MERCOSUL
- COOPERAR
- COOPERAÇÃO E PODER
- COOPERAÇÃO E NATUREZA
- COOPERATIVA
- COOPERATIVA DE TRABALHO
- COOPERATIVA DE TRABALHO: QUESTÃO DE IDENTIDADE PRO...
- COOPERATIVA DE TRABALHO DE EX-EMPREGADOS
- COOPERATIVA MISTA
- COOPERATIVA, SOCIEDADE MERCANTIL E RELAÇÕES DE TRA...
- COOPERATIVAS SOCIAIS
- COOPERATIVISMO: FUNDAMENTOS E NATUREZA
- COOPERATIVISMO: TENDÊNCIAS
- COOPERATIVA DE CONSUMO
- COOPERATIVA DE CREDITO
- COOTRABALHO
- CORONELISMO
- CORPORATIVISMO
- CUSTOS NA COOPERATIVA DE TRABALHO
- CRISE
- CRISE ECONÔMICA
- CULTURA
- CUSTO BRASIL
- CUSTO DE VIDATecnicamente é a medida de variação d...
- DECRETO LEI
-
▼
março
(283)
terça-feira, 4 de março de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário